Atualmente estão catalogadas inúmeras espécies de animais (maioria insetos) considerados "pragas" para o ser humano, pois atacam as lavouras ou acarretam doenças ao homem.
A vespa Cotesia flavipes é parasitóide da lagarta da broca da cana (Diatraea saccharalis). Sua eficiência no controle desta praga é comprovada cientificamente e aprovada pelos produtores e usinas, sendo o agente biológico mais utilizado no controle biológico na cana-de-açúcar.
A vespa Trichogramma é parasitóide dos ovos de várias espécies de mariposas. Sua eficiência de controle é elevada e atualmente é um dos parasitóides mais utilizados no mundo para o controle de pragas. Abaixo estão algumas das pragas agrícolas que após a realização de pesquisas científicas, comprovou-se a eficiência do controle biológico pela atuação da vespa Trichogramma spp.
MARACUJÁ
Agraulis vanillae (Lagarta das Folhas)
Dione juno juno
ERVILHA
Agrotis sp (Lagarta Rosca)
ALGODÃO
Alabama argillacea (Curuquerê)
Heliothis virescens (Lagarta da maçã)
Spodoptera frugiperda (Lagarta do Cartucho do milho)
SOJA
Anticarsia gemmatalis (Lagarta da Soja)
CANA-DE-AÇÚCAR
Diatraea saccaralis (Broca da cana)
MILHO
Spodoptera frugiperda (Lagarta do cartucho)
Helicoverpa zea (Lagarta da espiga)
TOMATE
Helicoverpa zea (Lagarta da espiga do milho)
Neoleucinodes elegantalis (Broca pequena)
Tuta absoluta (Traça do fruto)
REPOLHO
Plutella xylostella (Traça)
MANDIOCA
Erinnyis ello (Mandarová)
ABACATE
Stenoma catenifer (Lagarta do fruto)
CITROS
Ecdytolopha aurantiana (Bicho-furão)
Fonte: http://www.megabio.com.br/pragas.html
OS PESTICIDAS
Os pesticidas, aplicados de modo indiscriminado e excessivo devido a políticas de incentivo para a utilização de novas tecnologias surgidas a partir da década de 70, levaram a graves problemas que surgiram aos poucos, ao longo dos anos.
De forma sutil, porém com alto impacto no meio ambiente, na produção e na sustentabilidade financeira do produtor, a aplicação constante e em grandes quantidades de agrotóxicos levam ao aparecimento de pragas resistentes, que por sua vez, requerem novos produtos para seu controle. Ao mesmo tempo, inimigos naturais das pragas são eliminados e algumas pragas, antes de pouca importância, passam a ser principais por não terem seus predadores naturais. A contaminação do ar, das águas e do solo é freqüente.
Em se tratando do homem, devido à falta de instrução para a aplicação do produto, as intoxicações agudas dos aplicadores também ocorrem em muitos casos.
Para o consumidor final, observa-se que os resíduos nos alimentos muitas vezes ultrapassam os limites considerados toleráveis. A exposição continuada, por período longo, a níveis relativamente baixos de agrotóxicos pode afetar a saúde humana, levando a casos crônicos, mal definidos, às vezes extremamente graves.
Quando se fala em agrotóxicos ou pesticidas, associa-se estes termos ao produtor do campo e suas atividades, enfim, ao universo rural. Em muitos casos é esquecido de que um spray contra mosquitos também é um pesticida.
Ao consultarmos o rótulo de um destes produtos com mais cautela, descobrimos que até 90% do produto constitui em componentes denominados de “inertes”.
Nos Estados Unidos, de acordo com a Lei Federal de Inseticidas, Fungicidas e Raticidas, os compostos dos pesticidas são considerados inertes quando sua função num produto não é a de matar o organismo-alvo. Uma substância inerte pode tornar o produto pegajoso, pulverizável ou atraente para algum tipo de inseto ou roedor. Mas o termo “inerte” não se refere à toxicidade para outros organismos.
No caso do produto Roundup da Monsanto, atualmente o herbicida mais usado no mundo, um estudo revelou uma diminuição de 90% na produção de certos hormônios reprodutivos nos ratos expostos a ele. Depois que os pesquisadores deram glifosato aos ratos, único ingrediente ativo do rótulo do Roundup, eles não demonstraram nenhuma redução na produção de hormônios. Concluíram que foram os ingredientes inertes do produto os responsáveis pela produção dos hormônios sexuais.
Desde 1987, os fabricantes de pesticidas têm de registrar todos os seus componentes na Agência de Proteção ao Meio Ambiente (EPA – Environmental Protection Agency), mas a maioria dos compostos inertes é protegida por serem considerados segredos industriais. Ativistas norte-americanos estão tentando fazer com que a EPA obrigue os fabricantes de produtos químicos a revelar seus compostos ocultos.
A EPA divide os produtos inertes em quatro categorias:
“Toxicidade desperta preocupação” (7 compostos; ex.: fenol)
“Potencialmente tóxicos” (95 compostos; ex. óleo diesel)
“De toxicidade desconhecida” (cerca de 2000 compostos; ex. querosene)
“Desperta preocupação mínima” (mais de 1000 compostos; ex. clara de ovo)
Mais da metade de todos os compostos registrados na EPA fazem parte da lista 3: “inertes de toxicidade desconhecida”.
Os representantes da indústria alegam que a divulgação de todas as substâncias inertes irá causar sérios danos competitivos entre os fabricantes.
Os ingredientes inertes da lista 1: “toxicidade desperta preocupação” agora são obrigados a constar do rótulo dos produtos. Um dos efeitos positivos dessa medida é que vários fabricantes preferiram abandonar inteiramente o uso de certos ingredientes inertes a submetê-los aos exames rigorosos necessários para testar seu grau de toxicidade.
Talvez esta será a forma, para o futuro, de se solucionar alguns dos problemas de saúde que vem atingindo o homem de forma tão mais intensa, como o câncer e as dificuldades reprodutivas.
Fonte: Impacto dos Agrotóxicos – Editora Ícone
Scientific American (número 15)
Planeta orgânico
FONTE:http://drashirleydecampos.com.br/noticias/9109
CONTROLE BIOLÓGICO
esteja causando danos econômicos às lavouras. Trata-se de uma estratégia muito utilizada em sistemas agroecológicos, assim como na agricultura convencional que se vale do Manejo Integrado de Pragas (MIP).
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Manejo integrado de pragas
No que diz respeito às iniciativas políticas de redução no uso de agrotóxicos, atualmente, o exemplo cubano é o mais contundente. Desde 1982, Cuba tem-se voltado para o MIP, com ênfase no controle biológico. Em dencorrência do embargo econômico imposto pelos Estados Unidos que impossibilita a compra de agrotóxicos e fertilizantes sintéticos, os agricultores cubanos aprenderam a substituir o uso de agrotóxicos por um programa maçico de controle biológico. O Programa cubano envolve cerca de 14 laboratórios regionais, 60 estações territoriais de defesa vegetal espalhadas pelo país, 27 postos de fronteira equipados com laboratórios de diagnósticos e 218 Unidades do Centro para Reprodução de Entomófagos e Entomopatógenos, responsáveis pelo controle biológico de 56% da área agrícola do país.Um dos aspectos importantes da estratégia cubana é a desencentralização da produção dos agentes de controle biológico, graças a técnicas simples e de baixo custo que foram desenvolvidas nas duas últimas décadas, possibilitando, simultaneamente, uma produção artesanal e de alto padrão de qualidade. Essa produção é feita pelos próprios filhos de agricultores associados às cooperativas que trabalham na elaboração de modernos produtos biotecnológicos em escala local.
No Brasil, embora o uso do controle biológico não seja uma prática generalizada entre os agricultores, há avanços significativos em alguns cultivos, devido aos esforços de órgãos estaduais de pesquisa e da Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Um exemplo de sucesso é o controle da lagarta da soja ( Anticarsia gemmatallis) por meio do Baculovirus anticarsia. Essa prática foi lançada pelo Centro Nacional de Pesquisa da Soja em 1983 e, desde então, o produto foi utilizado em mais de dez milhões de hectares, proporcionando ao país uma economia estimada em cem milhões de dólares em agrotóxicos, sem considerar os benefícios ambientais resultantes da não-aplicação de mais de onze milhões de litros desses produtos.
Para alcançar esses resultados, todo programa de controle biológico deve começar com o reconhecimento dos inimigos naturais da "praga-chave da cultura" (principal organismo que causa danos econômicos à lavouras). Uma vez identificada a espécie e o comportamento da "praga" em questão, o principal desafio dos centros de pesquisa diz respeito a reprodução desse inimigo natural em grandes quantidades e com custos reduzidos. Outras estratégia, consiste no desenvolvimento dentro da propriedade de práticas culturais ( consórcio e rotação de culturas, uso de plantas como "quebra-vento", cultivos em faixas, entre outros) que aumentem a diversidade de espécies e a estabilidade ecológica do sistema, dificultando a reprodução do organismo com potencial para se tornar uma "praga"
Exemplo de consórcio de culturas
Atualmente, nos programas de Manejo Integrado de Pragas (MIP), existe uma tendência de caracterizá-lo não apenas como uma prática que propõe um manejo racional de agrotóxicos, mas também como um conjunto de práticas que inclua, além do próprio controle biológico, a rotação de culturas e o uso de variedades resistentes.
Embora o controle biológico traga respostas positivas na redução ou abandono do uso de agrotóxicos e na melhoria de renda dos agricultores, analisando o conjunto de experiências realizadas mundialmente, verifica-se que os resultados ainda estão concentrados em apenas alguns cultivos e, principalmente, no controle de insetos. Em outras palavras, ainda existe muito o que desenvolver nas áreas de controle de pragas e doenças.
Vale ressaltar que, segundo os princípios da Agroecologia a superação do problema do ataque de pragas e doenças só será alcançada por meio de uma abordagem mais integrada dos sistemas de produção. Isso significa intervir sobre as causas do surgimento de pragas e doenças e aplicar o princípio da prevenção, buscando a relação do problema com a estrutura e fertilidade do solo, e com o desequilíbrio nutricional e metabólico das plantas. O controle biológico, assim como qualquer estratégia dentro de um sistema agroecológico de produção jamais poderá ser um "fim em si mesmo", deve ser apenas o veículo para que o conhecimento e a experiência acumulados se manifestem na busca de soluções específicas para cada propriedade. Em outras palavras, nas propriedades agroecológicas em vez dos microorganismos é o ser humano que deve atuar como o principal agente de controle biológico
Fontes:
Jornal "A Folha de São Paulo", caderno "Agrofolha", 1998.
Livro "Crise Socioambiental e Conversão Ecológica da Agricultura Brasileira", Silvio Gomes de Almeida e outros, Rio de Janeiro: AS-PTA, 2001.
Manejo e controle de pragas
A descoberta e síntese de moléculas de ação inseticida, durante a II Guerra Mundial, desencadearam um fantástico desenvolvimento das indústrias químicas, ocasionando surgimento de inúmeros produtos químicos com diferentes finalidades. Os métodos de controle de pragas até então empregados (culturais, biológicos, físicos) foram rapidamente substituídos, devido à sua rápida ação e eficiência. No entanto, não tardaram a surgir diversos efeitos adversos do uso indiscriminado dos inseticidas de amplo espectro de ação, tais como o ressurgimento de pragas primárias devido aos efeitos diretos nas populações e inimigos naturais, a elevação ao status de praga primárias a pragas até então de importância secundária, resistência aos inseticidas (já em 1946, o primeiro caso de resistência ao DDT foi relatado), resíduos nos alimentos, problemas ambientais advindos da persistência dos produtos no solo, água, a bioacumulação, dentre outros.
Já no final da década de 50, professores da Universidade da Califórnia publicaram um trabalho sobre o conceito de controle integrado, que se transformou num marco da Entomologia Aplicada.. Os autores propuseram uma estratégia de convivência com as pragas, dando oportunidade ao controle biológico natural e recomendando o controle químico quando a população da praga atinge níveis que causam prejuízos maiores do que os custos de controle. Um ano depois, pesquisadores australianos propuseram uma estratégia semelhante alicerçada em conhecimentos ecológicos, econômicos e sociais, visando interferir o mínimo possível no agroecossistema.
A proposta da Califórnia preconizava a soma racional do controle biológico com o uso de inseticidas, enquanto que a proposta da Austrália ampliava as opções de controle. Dessa forma, e a partir de trabalhos posteriores, teve início uma nova maneira de pensar o controle de pragas. Inicialmente denominado Controle Integrado, evoluindo posteriormente para Manejo Integrado de Pragas. O MIP, pode ser caracterizado pela consonância dos métodos de controle com princípio ecológicos, econômicos e sociais, visando interferir o mínimo possível no agroecossistema.
Pode-se dizer que assim nasceu uma filosofia moderna de manejar agroecossistemas, e que pela essência de sua proposta é altamente complexa. O desenvolvimento e implantação de tal filosofia, na prática, requerem conhecimentos aprofundados sobre o ecossistema como um todo, que possibilitem um amplo planejamento, e, principalmente, que subsidiem a tomada de decisão pela adoção ou não de estratégias de controle e a escolha do sistema de redução populacional.
Em diversos países, principalmente nos Estados Unidos, O MIP é realidade para diversas culturas, existindo programas bastante aperfeiçoados, onde os agricultores têm condições de fazer previsões sobre a ocorrência de problemas fitossanitários, em função das condições climáticas, e aplicar esquemas de monitoramento adequados com níveis de precisão aceitáveis, e assim adotar ou não estratégias de controle. Estudos realizados neste País, apontaram as vantagens econômicas e a resistência a inseticidas como os principais estímulos para a adoção do MIP, e como principais obstáculos os de caráter técnico, financeiro, educacional, de organização e social. Dentre os obstáculos técnicos, o monitoramento e a determinação dos níveis de ação são os principais entraves.
No Brasil, programas de MIP estão implementados para algumas culturas de importância econômica, a exemplo da soja, algodão, citros, dentre outras frutíferas, com resultados promissores implicando em redução do número de aplicações, refletindo em economia para o agricultor e minimização de efeitos adversos ao meio ambiente. Mas, os entraves são basicamente os mesmos já citados para os USA. Assim, nem sempre dados básicos, que geralmente requerem vários anos de observações em campo, para o estabelecimento de suas etapas (nível de dano econômico para tomada de decisão) são obtidos para as nossas condições, sendo, em muitos casos importados de trabalhos estrangeiros, com níveis de precisão incertos..
O objetivo, nessa oportunidade, é dissertar sobre as principais etapas para o desenvolvimento e implementação do MIP e, na medida do possível, estabelecer uma análise crítica sobre o assunto.
2. ETAPAS MIP
Para o desenvolvimento e implantação do MIP, três etapas são fundamentais: avaliação do ecossistema, tomada de decisão e escolha da estratégia de controle a ser adotada.
A avaliação do agroecossistema e seu planejamento, no sentido de conhecer as pragas-chave e os períodos críticos da cultura em relação ao ataque de pragas, são fundamentais, pois é através do histórico da área e da cultura, da capacidade ou possibilidade de se poder fazer previsões da ocorrência e estabelecimento de pragas, em função dos fatores ecológicos, que outros métodos que não os químicos podem ser adotados. Pois, depois de uma cultura implantada, as etapas seguintes, de tomada de decisão e escolha da estratégia de controle, diz respeito basicamente à utilização de inseticidas. Pelo menos, no nível atual de conhecimentos para a maioria das culturas.
2.1. Avaliação do agroecossistema
Dentro da filosofia do MIP, para intervir nos agroecossistemas é necessário ter uma compreensão dos mesmos do ponto de vista ecológico. Assim, a avaliação do agroecossistema envolve conhecimentos a cerca das influências da diversidade e estabilidade na sucessão de comunidades, sobre o processo de colonização e sucessão ecológica, à largura dos nichos para herbívoros, predadores e parasitos, à quantificação da migração e dispersão e a época em que ocorrem, à dinâmica das relações parasitos-hospedeiros, ao estabelecimento de curvas populacionais dos principais herbívoros, ao valor K do ambiente (capacidade de suporte), ao estabelecimento de níveis de controle e de dano econômico, aos fatores de mortalidade, dentre outros.
Aspectos de grande valor prático para programas de MIP, são: reconhecer as espécies com potencial de causar danos e de seus principais inimigos naturais.
Entendemos que em agricultura o conceito de praga está diretamente relacionado com os efeitos econômicos produzidos, e o termo praga é dado no sentido numérico, onde uma determinada população de inseto se evidencia com seus estragos, afetando a produção. Assim, a presença do inseto na cultura não implica a presença de praga, sendo que a população entra como elemento unitário na determinação do momento exato em que medidas devem ser adotadas para evitar prejuízos econômicos.
No MIP, pragas-chave seriam aqueles insetos que estão freqüentemente presentes na cultura em níveis populacionais relativamente altos e que provocam injúrias que podem refletir em perdas significativas na produção. Pragas ocasionais seriam aqueles insetos, cujas populações são mantidas em níveis relativamente baixos provocando reflexos menos significativos na produção. Para tal, é necessário o estudo do crescimento populacional e suas relações com as injúrias e, consequentemente, danos (aspecto econômico) que causam.
O estudo do crescimento populacional envolve os conhecimentos dos fatores ecológicos sobre a população, tanto daqueles independentes da densidade (climáticos, edáficos, da planta cultivada), como daqueles dependentes da densidade, alimentares e bióticos (disponibilidade de alimento, competição intra e interespecífica). Estes fatores alteram taxas de mortalidade e fecundidade, ao aparecimento de estratégias adaptativas. Além dos fatores ecológicos, o crescimento populacional é regido pelos fatores genéticos, que determina a capacidade reprodutiva dos insetos. O potencial biótico é dado pelo potencial reprodutivo e pela resistência do ambiente, esta considerada principal agente de regulação do crescimento populacional, determinando oscilações ao longo do tempo.
O estudo das populações só é possível através de programa de amostragens, chamado de monitoramento. Diversos programas de amostragens tem sido estabelecidos para diferentes culturas, procurando permitir o estabelecimento de previsões dos danos, ou seja, relacionar densidades populacionais com prejuízos. Assim é possível estabelecer os níveis populacionais de equilíbrio, de controle e de dano econômico. O nível de equilíbrio corresponde à densidade populacional média, durante um longo período de tempo sem que ocorram mudanças permanentes. O nível de controle representa a densidade populacional na qual medidas de controle devem ser tomadas para evitar prejuízos econômicos. O nível de controle representa a menor densidade populacional capaz de causar perdas significativas para o agricultor.
As questões referentes à amostragem e ao levantamento ou determinações das perdas serão discutidas separadamente.
2.2. Tomada de decisão
A tomada de decisão é efetuada através da análise dos aspectos econômicos da cultura e da relação custo/benefício do controle de pragas.
Para determinação do momento de controle, pode-se considerar que o ND é a densidade populacional que causa perda econômica igual ao custo de controle. Esse prejuízo ou dano é uma porcentagem do valor da produção equivalente ao custo de controle e pode ser obtido pela fórmula:
% D = custo de controle x 100
valor da produção
Uma vez conhecido % D, é necessário conhecer a correlação entre população e injúria e entre injúria e dano, ou diretamente população e dano. A %D corresponde a uma determinada injúria, que por sua vez corresponde a uma dada densidade populacional. No monitoramento podem ser avaliadas tanto injúria quanto a densidade. Assim, é importante considerar que levantamentos populacionais devem permitir uma correlação direta com a injúria causada ou dano.
Se a avaliação do efeito do inseto for feita em termos populacionais, o nível populacional no qual devem ser tomadas medidas de controle pode ser expresso pela fórmula:
ND = %D x NP % D+ % dano = custo de controle
P NP= nível populacional que causa o prejuízo P
P = prejuízo causado pelo nível pop. NP
Uma vez determinado o nível populacional que causa o prejuízo econômico, faz-se necessário avaliar o parasitismo e predação, observados ao longo do programa de monitoramento, para a determinação da tendência de crescimento populacional do inseto.
A partir desses dados são estabelecidas as árvores de decisão, um processo que permite relacionar custos e probabilidades dos resultados para as diversas alternativas de controle. Na verdade, na maioria das árvores de decisão, as regras são estabelecidas unicamente para se adotar ou não o controle químico.
2.3. Escolha do sistema de redução populacional
Dada a necessidade de se adotar um sistema de controle, será necessário optar por um sistema que poderá envolver um ou mais métodos de controle, teoricamente. Na prática, numa cultura já instalada, se não houve um planejamento, a escolha recai sobre a utilização de inseticidas. Isto porque, os outros métodos de controle exigem planejamento e ações antecipadas. Assim medidas culturais como a utilização de variedades resistentes, rotação de culturas, preparo do solo, alteração da época de plantio ou colheita, adubação, manejo das plantas daninhas, manejo da água e da adubação, etc., devem ser previstas antes da instalação da cultura. Assim como os métodos biológicos e genéticos.
No planejamento devemos considerar logicamente o tipo de cultura se anual ou perene, e o sistema de colonização dos artrópodes. De modo geral e bastante resumido, pode-se dizer que em culturas anuais os organismos são selecionados para a velocidade com que colonizam o habitat, que apresentam alto potencial reprodutivo, exploram completamente o habitat e apresentam uma tendência em abandoná-lo. Tais insetos são denominados de estrategistas r. Em culturas perenes os insetos são selecionados para a utilização mais uniforme do terreno, altamente especializados, adaptados à capacidade de suporte do meio, muito competitivos e adaptados a habitats mais estáveis. Compreendem os insetos denominados de estrategistas K. Nenhum inseto é completamente estrategista r ou K, devendo-se ter em mente uma seleção contínua r _____> K, e a posição de um inseto na cultura deve ser analisada num dado instante do tempo. Segundo alguns autores populações intermediárias (entre r e K) são normalmente reguladas por inimigos naturais. Ainda sugerem que a principal técnica apropriada para pregas estrategistas r (afídeos, mosca branca, cigarrinhas, etc.) é o uso de inseticidas. Para estrategistas K, inseticidas também são adequados quando baixos níveis populacionais causam perdas significativas, mas a preferência é pela adoção de estratégias alternativas como as práticas culturais.
3. DETERMINAÇÃO DAS PERDAS
Um dos grandes entraves do MIP é justamente a determinação das perdas e a correlação com a densidade populacional, que permitam o estabelecimento dos níveis de ação e as regras de decisão para adoção ou não de medidas de controle.
As relações danos-praga podem ser estudadas de várias maneiras, vários esquemas de parcelas e modelos de análises estatísticas têm sido empregados. O método mais amplamente utilizado é aplicar inseticidas de vários tipos, ou dosagens distintas e em diferentes intervalos de tempo para se conseguir diferentes densidades populacionais da praga visada. No entanto, esta metodologia pode levar a diversos tipos de erros: o inseticida pode ter ação fitotóxica ou apresentar efeitos estimulatórios de crescimento; perdas podem ser superestimadas ou subestimadas se não se conhece o efeito do produto sobre inimigos naturais ou outras pragas; a grande variação entre parcelas tratadas de forma distinta porque o ataque da planta pode não ser ao acaso, podendo estar relacionada aos aspectos intrínsecos do campo, pode ocorrer compensação do crescimento em plantas não atacadas por causa da reduzida competição entre as plantas adjacentes atacadas, etc.
Outros métodos para obtenção de diferentes níveis de ataque de pragas incluem o uso de infestações artificiais ou danos artificiais ou simulados. Tais métodos apresentam limitações, principalmente na interpretação dos resultados. Os danos podem ser corretamente simulados, mas geralmente diferem significativamente dos danos apresentados em condições de campo. Então, imprecisões no levantamento de perdas ocorrem principalmente por causa das variações nas interações das diferentes pragas e doenças, da habilidade da planta em compensar injúrias, pela variação temporal e espacial do ataque da praga e pelas grandes variações no campo. Em muitas situações, culturas podem apresentar aumentos na produção após o ataque de pragas, devido à remoção da dominância apical, favorecendo a planta para produzir mais caules (colmos de cana-de-açúcar, por exemplo).
Os efeitos das pragas devem ser avaliados numa área particular, pois as diferenças nas práticas agronômicas e condições ambientais influenciam a severidade dos danos.
Então, para que comparações possam ser feitas, há necessidade de levantamentos, durante vários anos, sob diferentes condições ambientais, usando sempre que possíveis métodos padronizados de levantamentos de pragas.,
A despeito das variáveis econômicas e ecológicas envolvidas, muitos níveis tem sido desenvolvidos e, quando implementados, têm reduzido a quantidade de inseticidas requerida. Alguns autores reconhecem que os níveis de dano econômico podem ser estabelecidos a partir de evidências empíricas. Esses níveis, embora imprecisos, podem ser de considerável valor prático, particularmente em situações onde tratamentos preventivos rotineiros são usados. Níveis mais precisos podem então, com o tempo, serem determinados e mais rapidamente adaptados para mudanças nas situações econômicas e da praga.
Mas, o que tem ocorrido no Brasil, devido à falta de dados básicos, é a importação não só de níveis de ação como também de esquemas de amostragens. Além dessas dificuldades, um importante aspecto deve ser considerado: para o estabelecimento do nível de dano, ou seja a densidade populacional que causa prejuízos igual ao custo de controle, há equívocos, no meu ponto de vista. Normalmente considera-se apenas o custo do tratamento químico, dado pelo custo do produto e pelo custa da aplicação, não estando embutidos o custo da resistência aos inseticidas, custo do possível impacto do nível de dano econômico sobre as pragas secundárias, etc.
4. PAPEL DA AMOSTRAGEM NO MIP
A amostragem é um aspecto fundamental para o desenvolvimento de programas de MIP, sendo fundamental nas etapas de avaliação do ecossistema como para o monitoramento visando a tomada de decisão sobre a necessidade ou não de controle da praga e quando intervir no agroecossistema.
Existem várias técnicas de amostragem, mas a método deve ser rápido, simples de executar, fornecer uma avaliação o mais próximo possível da situação real e ser facilmente correlacionável com os objetivos a serem alcançados. Então, os objetivos podem determinar os métodos usados, sendo fundamental que estejam claramente definidos.
No MIP, tanto estudos intensivos como extensivos são fundamentais. Estudos intensivos envolvem observações contínuas de uma população numa mesma área, permitindo elaborar tabelas de vida (sobre estágios sucessivos de desenvolvimento) ou determinar os fatores que causam as maiores flutuações no tamanho da população e aqueles que a regulam, apresentando geralmente objetivos mais específicos, como determinação da taxa de parasitismo, taxa de dispersão, etc., geralmente nestes casos os níveis de precisão requeridos são maiores.
Estudos extensivos são voltados para distribuição de espécies de insetos ou para predizer danos, bem como para a aplicação de medidas de controle.
Em qualquer caso, o esquema de amostragem deve ser definido de forma criteriosa, desde a escolha da unidade amostral, do número mínimo de amostras, da distribuição espacial do inseto na cultura, tipo de caminhamento, custo, eficiência das armadilhas e o nível de precisão requerido em função do objetivo.
Tem-se verificado, em muitos casos, que etapas fundamentais para o desenvolvimento de amostragens não são cumpridas, a exemplo da determinação da distribuição espacial dos insetos e número mínimo de amostras.
A distribuição dos organismos na lavoura pode ser considerada segundo três tipos principais: agregada, uniforme e ao acaso. Tais distribuições, ao nível da estatística são denominados Binomial negativa, Binomial e Poisson. Comumente os insetos seguem a distribuição binomial negativa ou Poisson. Para cada tipo de distribuição há uma variação na metodologia para estabelecimento das amostragens. A distribuição espacial depende da unidade amostral, do comportamento da espécie e do tipo de avaliação que é feita. O padrão de distribuição de uma praga pode variar ao longo do tempo, sendo que no início da colonização a tendência é de se ajustar à série de Poisson, evoluindo para uma distribuição agregada, raramente atingindo a distribuição uniforme. A escolha da unidade amostral adequada e o número de unidades amostrais devem ser determinados de forma criteriosa e com base nos conhecimentos biológicos e comportamentais do inseto. O modelo de Poisson pode ser usado para determinação do tipo de distribuição, através da freqüência esperada de Poisson, ou pelo índice de dispersão de Morisita, que é um método independente da distribuição, do número de amostras e do tamanho da média. Uma vez determinado o tipo de distribuição, deve-se determinar o tamanho mínimo de amostras, através de modelos e parâmetros, de cada tipo de distribuição, levando-se em conta a precisão desejada. Ou então por método gráficos, calculando-se a média e variância com dados acumulados.
Esses procedimentos são básicos tanto para a amostragem comum, isto é quando o número de amostras é fixo e determinado antes de se iniciar o procedimento de amostragem. No caso da amostragem seqüencial, o número de observações não é fixado e a decisão de terminar ou não a amostragem, depende das informações parciais fornecidas.
Os índices de precisão, geralmente são utilizados de forma arbitrária. As taxas de erro deveriam ser determinadas levando-se em consideração a relação densidade dano-produção, preço do produto no mercado, custo da aplicação de controle, ressurgência de pragas, pragas secundárias, desenvolvimento de resistência.
Em muitos trabalhos que estabelecem planos de amostragens para o MIP, esses critérios básicos não são levados em conta, ou apenas constam no trabalho, sem a descrição detalhada da metodologia empregada para obtê-los.
A amostragem seqüencial vem ganhando espaço no MIP, segundo alguns autores é bastante apropriada para o MIP, pois a ênfase está em propor uma classificação de populações do que estimar seus parâmetros, evitando-se uma amostragem excessiva, resultando em economia de tempo e esforço.
terça-feira, 28 de setembro de 2010
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